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quarta-feira, 16 de março de 2011

Como fazer um filme.

Eu como cineasta super amador (sim, eu amo muito. Mas na verdade foi só um eufemismo para inexperiente e pobre) tenho o "constante desejo de fazer filme" se batendo contra a realidade. Filmes considerados baratos custam acima de 5 mil reais, eu posso disponibilizar no máximo 200 reais. Cinema é dinheiro. Posso comprar uma telas e tinta para pintar, usar o word para escrever livros, violão para criar músicas, mas para fazer um filme preciso no mínimo de uma câmera, que é cara bacarai! Além do mais, nas outras artes já citadas eu posso fazer tudo sozinho. Em cinema não! E equipe custa.

Mas enfim, eu quero fazer um filme e eu vou fazer um filme!

Aqui será meu diário de bordo, anotarei todas as etapas desta aventura. Quem sabe depois pode ser usado como guia do que fazer (ou não fazer).

Primeiramente: o roteiro.

As limitações estão no nível máximo. Não estamos falando de "não coloque nave espacial porque isto é dificil de arranjar", e sim de "não coloque carro porque isto é difícil de arranjar". Claro que familiares e amigos sempre estão dispostos a ajudar e sentem o maior prazer em emprestar o carro. Acontece que eles não sabem que uma cena pode demorar o dia todo para ser feita, ou então ser terminada no outro dia, ou no próximo, ou no próximo. Quando ele ver que o negócio é demorado vai começar a mandar mensagens amigáveis para o celular "Já terminou? Preciso levar minha filha no colégio". Carro não é algo que dá pra se esquecer que emprestou. Além do mais, e a gasolina, quem paga?

Não se pode ficar preso pelas limitações, tem que apenas saber quando é que elas estão sendo desafiadas. Por exemplo, em vez de  dizer: "vai ser um filme difícil de fazer, eu coloquei um tiroteio no meio da história"; vai ser dito o seguinte: "vai ser um filme difícil de fazer, eu coloquei um revólver no meio da história". Onde diabos se encontra um revólver?!! Não tem mais revolver de brinquedo para se pintar de preto vendendo na Só 2. E mesmo que já se tenha um revolver de verdade em casa, alguém vendo o filme pode se perguntar "de onde saiu isto?" e assim, papai vai pra cadeia.

Cenários também são difícies. Eu não me aventurei em pedir autorização para ninguém ainda, mas imaginoque uma boa técnica é dizer que está fazendo um trabalho para a faculdade de cinema/jornalismo, do que admitir que é um filme independente (e põe independente nisso!). Usar casa dos outros tem o mesmo problema do carro. As pessoas moram lá! Elas vão deixar a bagunça rolar, mas só até as 10.

Sendo cenário e objetos coisas muito restritas, a responsabilidade de salvar o filme fica para os atores. Então nada de colocar amigos, a menos que eles saibam atuar. Arranjar um bom ator é até fácil, difícil é convencer ele de participar gratuitamente do filme. Quando não rola dinheiro as pessoas relaxam e não levam tão a sério (é automático, subconsciente mesmo). Como o trabalho dele será importante ele precisa se dedicar muito. E supondo que o ator resolva tratar o filme da forma mais profissional do mundo, apareça em todos os ensaios, incorpore o personagem, estude o texto, etc, o diretor pode ficar se sentindo culpado por estar recebendo um favor enorme sem dar nada em troca, nem mesmo uma esperança do filme entrar num festival grande.

Então, por fim, a responsabildade total está no roteiro e na direção. Se o filme tiver uma boa idéia e ela for bem contada, as pessoas perdoam os defeitos. Pelo menos é isto que eu desejo que aconteça.

- E eu tenho uma boa idéia.

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