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domingo, 22 de agosto de 2010

Diálogo

Talvez eu seja dialoguista.

Gosto muito de escrever diálogos, descrever ambientes e ações é chato. Talvez por que eu ainda não aprendi a fazer direito. Mas também não aprendi a fazer diálogos direito. Aí está um texte (texto teste):


- Opa Doutor, deixe comigo. É 10 reais.

- 10 reais? Pra que?

- Pra guardar o carro.

- Como assim guardar o carro?

- O senhor não vai deixar ele aqui na rua?

- Vou.

- Então! É 10 reais para eu ficar tomando conta dele. Pra que nada aconteça com ele. Quando o senhor voltar o carro vai ta aqui interinho.

- Você quer 10 reais para ficar tomando conta é?

- É! É que tem uns camaradas aí que vez por outra inventa de quebrar um farol, arrancar o retrovisor, sabe como é? Mas o senhor pode ficar sossegado que comigo aqui nada disso acontece, é só deixar uns 10 reais para eu tomar um cafezinho ali depois.

- É mesmo é? Tem gente que quebra os carros por aqui? Meu Deus! E o que essa gente ganha fazendo isso?!

- Sei la, doutor. É esse pessoal aí, vândalos, os cheira cola, que quer fazer algazarra e fica inventando coisa.

- Então muito obrigado pelo aviso, vou estacionar em outro lugar.

- Não, doutor! Deixe o carro aí. Vai ficar rodando atrás de vaga ? Pode deixar comigo, eu tomo conta.

- Não, rapaz. Obrigado pela boa vontade. Mas é perigoso deixar aqui.

- Mas doutor, isto é em todo lugar. Pode ter certeza! Todo lugar tem disso. O senhor não vai achar nenhuma vaga aqui pelas ruas que seja segura, não. A parte mais segura é essa rua aqui, é onde eu tomo conta.

- Mas eu sempre estaciono nas ruas e nunca me aconteceu disso.

- Ainda bem né, doutor? Graças à Deus que você nunca teve que passar por uma situação dessas. Mas para garantir que não aconteça, deixe o carro aqui comigo. Eu tomo conta.

- Ta certo...então muito obrigado, até mais.

- É 10 reais.

- Eita, é mesmo! Então, precisa tomar conta não. Se é assim em todo lugar, e eu sempre estacionei por aí e corri o risco, então não tem problema eu arriscar mais uma vez.

- Ah não, pra ficar aqui tem que dar 10 reais! Pode não.

- Que história é esta de “tem que dar”?! Como assim?

- Se você deixar o carro, aí vai tomar o espaço de outro cliente. E aí, como é que eu fico? Vai me prejudicar!

- Meu amigo, a rua é sua por acaso?... Me perdoe, mas eu posso deixar o carro onde eu quiser! Olha, se eu pedisse para você tomar conta dele eu te dava um dinheirinho, se você me ajudasse a fazer a manobra até dava alguns trocados. Mas 10 reais?! Por favor, né? Tenha uma boa tarde!

- Doutor, me escute bem, não queira complicar as coisas. É melhor o senhor pagar que tudo fica certo. Imagina só que quando o senhor volte, aquela pedra ali está afundada no capô do carro. Ou então aquele pedaço de madeira vou usado para quebrar o para-brisa. Ou então esta minha mão arrebenta a sua cara. Então, doutor? Num é melhor o senhor só pagar 10 reais e resolver tudo aqui, evitar tudo isso?

- Hum..... sei, entendi.....se a situação é esta, parece que você tem razão. Pode tomar conta do carro, eu pago os 10 reais.

- Então! Pode ficar tranqüilo mesmo, que eu garanto que nada daquilo vai acontecer. O seu carro vai estar aí ó, do mesmo jeitinho que o senhor deixou.

- Muito obrigado... bem...10 reais, ne?. ... 20... 20... 20... eu tenho certeza que eu tinha uma nota de 10, tsc!.....50....cadê?........ 10!! Ta aqui, 10 reais. Pronto, quero meu carro são e salvo dos vândalos cheira-cola!

- Pode deixar, doutor! Eles não vão nem chegar perto.

- Boa tarde.

- Vá na paz, doutor.


Será que existe teorias de como se escrever uma conversa?
Deve existir, existe livro e teoria para tudo!
Acredito que o diálogo fica milhões de vezes melhor quando o ator, dentro do personagem, reformula e acrescenta.


Queria ver isto filmado.

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